por PEDRO SOUSA TAVARES
Investigadores, a bordo do veleiro francês 'Tara', vão percorrer os oceanos do planeta durante três anos para estudar o impacto humano no plâncton, e obter o máximo de informação sobre este 'caldo' de microrganismos indispensável à vida no planeta. A capital portuguesa foi escolhida como a primeira escala em homenagem aos descobrimentos.
O veleiro francês Tara, que vai percorrer todos os oceanos do planeta durante três anos numa missão científica, atracou ontem no cais de Alcântara, em Lisboa, de onde partirá no sábado em direcção à costa marroquina.
O objectivo da expedição é estudar o plâncton e o impacto da actividade humana neste imprescindível "caldo" de microrganismos (dos reinos vegetal e animal), que produzem tanto oxigénio como todas as florestas do mundo, absorvem metade do dióxido de carbono que produzimos, influenciam o clima e servem de alimento a inúmeras espécies.
"O plâncton tem uma importância decisiva, mas sabemos muito pouco sobre as suas características, sobre as espécies que vivem nos ecossistemas que se constituem à sua volta", explicou ao DN o francês Colomban de Vargas, um dos cientistas que compõem a equipa internacional responsável pela pesquisa.
Ao longo da expedição, contou, será dada "uma pequena volta ao mundo" (ver gráfico), percorrendo "todas as grandes zonas oceânicas". Uma das prioridades será estudar concentrações de plâncton "já sujeitas à actividade humana", para avaliar as "consequências negativas" ou, eventualmente, positivas que esta teve no seu desenvolvimento.
Actualmente, os satélites são a única forma de estudar a "saúde" do fitoplâncton (vegetal) do planeta, nomeadamente medindo a "intensidade do verde" (clorofila) resultante da fotossíntese.
Mas este método tem falhas: os satélites não detectam a clorofila que se encontra abaixo dos cinco metros de profundidade - há fitoplâncton abaixo dos 100 metros -,e sobretudo nada dizem sobre a composição destas "bolsas" de vida.
É por isso um mundo essencialmente novo e desconhecido que se propõe revelar uma equipa multidisciplinar de diferentes nacionalidades, que inclui ecologistas, biólogos, oceanógrafos e físicos de algumas das maiores universidades e centros de investigação.
"O que sabemos", explicou Colomban de Vargas, "é que há mudanças muito importantes a acontecer. O plâncton evolui muito rapidamente, a vida adapta-se depressa".
A expedição - que partiu no dia 5 de Lorient (Bretanha, França), onde regressará em 2012 - não prevê investigação na costa portuguesa. Mas a opção por Lisboa como primeira escala foi consensual. "Pensámos que seria interessante, porque Portugal teve um papel muito importante na exploração dos oceanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário