sábado, 13 de junho de 2009

Política / Eleições Parlamento Europeu

Opinião

Domingo vamos votar para o Parlamento Europeu

Quinta, 04 de Junho de 2009
A campanha eleitoral Europeia está a chegar ao fim, e, lamentavelmente, os partidos maioritários, PS e o PSD, os que têm liderado as politicas no Parlamento Europeu, o PPE, com o CDS, os liberais, os neoliberais e o PSD, constituem a maior família política do Parlamento. No PSE, os socialistas e Sociais Democratas da União Europeia, representam a segunda força. Sempre tem sido assim.

A crise económica e financeira que hoje estamos a viver, representa as más políticas do bloco central de interesses que se estabeleceu na União Europeia.

Nestas eleições que estão a decorrer para o Parlamento Europeu, verifica-se que os candidatos não discutiram os problemas de Bruxelas, salvo pequenas exceções, e o que lá vão fazer, mas guerrearam-se e discutiram como que estivessem em campanha legislativa portuguesa. E mesmo assim, muita parra e pouca uva, como diz o povo.

Os maiores partidos não colocaram aos portugueses as questões fundamentais que vão discutir e aprovar no plenário de Bruxelas, para resolver a crise que eles provocaram. A economia dos 27 Estados e seu financiamento de apoio às PME’s, o silêncio dos paraísos fiscais que favorecem as fugas de capitais, os negócios escuros que escondem e protegem os traficantes de armas e o narcotráfico, desconhecendo-se a posição dos candidatos a deputados, na transparência dos poderes legislativos; as diretivas europeias, as questões sociais, uma saída para a política agrícola e pescas, como na pequena economia.

A economia portuguesa regrediu a 1975, e num ápice foram desbaratados centenas de milhares de empregos, e centenas de milhares de micro, pequenas e médias empresas fecharam, e outras estão profundamente abaladas e em agonia. A crise global instalou-se, e não se vê luz ao fundo do túnel, nem soluções da União Europeia para erguer a economia dos países pequenos e médios, como é o nosso caso, e a forma de reparar toda essa destruição da pequena economia.

Vão ser precisos dezenas de anos para reparar e erguer todos esses estragos, e muita coisa nunca mais será reparável.

Estes blocos dominam as políticas que ambos aprovaram, e as decisões comunitárias no Parlamento, na Comissão, e mesmo no Conselho, estabeleceu-se uma aliança neoliberal do Diretório, composto pelos maiores partidos, da Alemanha de Angela Merkel, da França de SarKozy, Itália de Berlusconi, e de Brown da Inglaterra.

Por isso já dissemos e repetimos que estas eleições para o Parlamento Europeu são fundamentais, e devem ser bem acompanhadas na próxima legislatura Europeia, a partir da estratégia de Lisboa, na aprovação das matérias legislativas, diretivas que vão limitar o Parlamento Português que ficará restrito à produção legislativa de 30%, para as questões domésticas.

Nós insistimos no ato cívico de votar no dia 7, meditando em tudo que vimos descrevendo, para que os portugueses reflitam e marquem presença nas eleições dos Eurodeputados, como forma de os responsabilizarmos em todas as decisões que vão orientar o futuro, uma vez que é na Europa que tudo se vai determinar.

Enquanto no Parlamento Europeu existe um silêncio ensurdecedor quanto aos offshores, o Presidente Barack Obama lançou uma “ordem” junto dos paraísos fiscais, e são 73 paraísos, (brancos, cinzentos e negros), para lhe entregar uma listagem de todos os americanos que têm ali escondidas as “reservas da América”, e que saibamos, ninguém pestanejou…

O que tem feito a União Europeia, para acabar com os offshores, que motivam a fuga de capitais e negócios escuros, que fogem ao fisco descaradamente e nada lhes acontece?

É de lembrar que em 2006, a fuga de capitais para paraísos fiscais atingiu em Portugal os 13,8 mil milhões de euros, montante que desceu para 12,6 mil milhões de euros em 2007, e caiu para 8,8 mil milhões, em 2008! É muito dinheiro para um país pequeno!

Os deputados portugueses que forem eleitos para o Parlamento Europeu, vão ter que defender os interesses dos portugueses, demarcando-se da vontade do bloco central de interesses, orientado pelo Diretório.

Existe uma hegemonia muito consistente do PPE, ligado aos grandes países, onde só entra como parceiro o PSE, nas grandes decisões. E tudo isto provoca um grande desequilíbrio entre os países ricos e pobres, e profundas alterações na economia, como as políticas de abandono dos aparelhos produtivos, que foram substituídos pelos fundos de coesão, com subsídios para não trabalhar nem produzir, como aconteceu com as pescas e a agricultura. Hoje, compramos tudo ao estrangeiro, pelo que a maioria dos fundos estruturais e de coesão regressam à origem, através dos negócios, tal como os rios correm para os oceanos…

Os nossos deputados, por muitas e boas intenções que tenham para desbravar aquela floresta que representa o Parlamento Europeu, a Comissão e o Conselho, o entusiasmo que hoje vemos, esvai-se, depois das decisões finais, e dos interesses do bloco central. É no meio de todas estas contradições que tudo gira em Bruxelas e que os eleitores que somos todos nós, temos de continuar a exercer o direito de voto, como forma de mudar as coisas. Se houver muita abstenção, só vai favorecer a maioria política dominante. O melhor é votar, em massa, no próximo dia 7 de Junho, para reconstruir uma nova Europa, mais solidária.

Da mesma maneira que a América mudou por dentro, com a eleição de Obama, através de um voto novo, diferente. É assim que terá de acontecer hoje ou amanhã na Europa dos 27, com uma nova política amiga dos pequenos países, das PME’s, uma Europa mais amiga dos cidadãos.

A crise que estamos a viver no nosso país, foi por culpa dos problemas estruturais e por falta de supervisão bancária, e do jogo de casino na América de Bush, e da Europa que deixou a banca entregue a si mesma, desregulada, reforçando os offshores.

Nos próximos dias 24 e 25 de Setembro, vão reunir nos Estados Unidos os G20. Esperamos que desta vez os grandes problemas que afligem o Mundo e atingem os países pobres, decidam acabar de vez com os paraísos fiscais, e seja institucionalizada a paz entre os povos, evitando tragédias económicas, humanas e sociais, como as que foram tecidas por um capitalismo selvagem e ganancioso, e que acabaram por criar um fosso económico e social entre países pobres e ricos. É que o financiamento escapa às pequenas economias dos países, como o nosso que bateu no fundo, onde os investimentos são fracos e o desemprego excessivo.

Por estas e outras razões, o voto é necessário e urgente. Temos de construir uma Europa de afetos, de segurança e paz, amiga das regiões periféricas.

Queremos uma União Europeia feita de equilíbrios e que procure a sustentabilidade da Segurança Social, através de um fundo de coesão social como reforço complementar a cada país, para evitar as diferenças abismais entre os países pobres e ricos, no fim da carreira de cada cidadão que acaba na reforma.

É preciso atenuar as diferenças muito acentuadas entre os povos dos 27 Estados da UE.

Cada VOTO representa ouro que poderemos perder, se for mal gerido. O VOTO pode equilibrar a justiça social.

Portugal não tem hipótese de viver sozinho, isolado, fora da União Europeia.

Por tudo isso se justifica votar no próximo dia 7 de Junho.

João B. Fernandes

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