quinta-feira, 21 de maio de 2009

Semana de Camões / Dinamene

10 de junho, é dia de Camões volto para reflexões aos tempos do Cursinho preparatório Vicente de Cayru, na Rua Querino de Andrade, -palco também- de muitas batalhas sangrentas da época do regime militar, onde a espada do meganha flambava as nossas costas, -dos estudantes inconformados- enfim..., -Relembro feliz um Professor de Literatura, o único que às 23:00 ainda me mantinha acesso pela forma eloquente que exponha a matéria. - Pela primeira vez ouvi e nunca mais pude esquecer a "rapariga" Dinamene, cantada em versos e que ambos desfrutem eternamente do Paraíso. >>> abraços em homenagem com lágrimas Marcão.


Camões - Alma minha gentil, que te partiste

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.(1)

(1) – Soneto 48 - Este belo soneto aproxima-se do soneto XXXVII de Petrarca, mas o de Camões é de mais pura espiritualidade e mais penetrante melodia. Segundo o manuscrito da VIII Década de Couto, existente na Biblioteca Municipal do Porto, foi ele inspirado pela rapariga oriental que naufragou com o Poeta na foz do Mécon, ali morrendo afogada. - O poema foi escrito pelo português Luís de Camões a respeito de sua falecida amada Dinamene e onde o amor platónico, com características petrarquianas, se revela num dos seus expoentes máximos. A desventura do poeta, condenado a viver triste, eternamente.

O soneto, que os biógrafos associam à morte de Dinamene, chinesa com quem Camões teria vivido em Macau, é dos mais conhecidos. Segundo a tradição, acusado de delitos administrativos, Camões e Dinamene teriam sido levados da China para a Índia, onde seria julgado o poeta. Na viagem, por volta de 1560, o navio naufraga nas costa do Camboja, junto à foz do rio Mekong. - Camões teria conseguido salvar-se e salvar Os Lusíadas, que trazia quase concluído, mas teria perdido Dinamene, a sua "alma gentil",



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